Ginástica olímpica em Taguatinga

04-03-2009 23:49

 

 

Clube Escola ensina o esporte olímpico para estudantes de Taguatinga, Samambaia e Ceilândia. Comunidade também pode participar

Laís Braz

 

As primeiras aulas parecem brincadeira, as crianças pulam de um lado para o outro, correm e dão cambalhotas. Entre aparelhos de ginástica e os mosquitos que infestam a sala, crianças de 5 a 14 anos aprendem técnicas da ginástica olímpica. O Clube Escola 01, em Taguatinga, inaugurado há mais de 15 anos, surgiu do sonho de três professores de educação física de ter mais infra-estrutura para ensinar o esporte.
 
Dos três idealizadores, Suzana Quinald Jaenicke, Maria Consuêlo Pires de Almeida e Dalmo Jaenicke, a única que ainda participa ativamente é Maria Consuêlo, que dá aula para os iniciantes. 
 
O terreno de 800m² foi cedido pela Terracap. Os professores arrecadaram dinheiro com a comunidade e com os alunos da Escola Classe 01, ao lado do clube,  para adquirir equipamentos. Situada no centro de Taguatinga, a escola recebe alunos também das cidades vizinhas Samambaia e Ceilândia.
 
Para se manter, a escola cobra taxas dos alunos. Os estudantes da Escola Classe 01 têm 50% de desconto, de outras escolas públicas, 30%. Alunos de escolas privadas e a comunidade pagam a taxa integral. O governo do Distrito Federal fornece os professores, que não são muitos.
 
Segundo Maria Consuêlo, após os jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, a demanda aumentou. "Recebemos todos que querem fazer o esporte, mas precisamos de mais professores", afirma a professora que, em breve, vai se aposentar. "Formamos turmas com alunos de níveis diferentes e por isso é difícil dar atenção igual a todos", explica.
 
A falta de professores não é o único problema enfrentado. Vizinha de um matagal, que dá acesso ao Córrego Taguatinga, a escola sofre com a falta de segurança e com os pernilongos. "Fomos assaltados, levaram material da escola, inclusive o nosso computador", lamenta Consuêlo. A divulgação dos eventos nos murais é feita a mão, textos escritos em cartolinas e papel pardo.
 
Os pais que esperam os filhos na entrada do ginásio sofrem com as mordidas de insetos. As piruetas e saltos livram os alunos das picadas. No final da tarde, funcionários acendem uma fogueira ao lado do ginásio para espantar os pernilongos.
 
Apesar de todas as dificuldades, o clube forma vencedores. O campeão brasiliense de ginástica na categoria juvenil masculino, em 2007, Jefferson Teixeira Soares, iniciou as aulas na escola aos 14 anos. "Comecei muito tarde, o certo seria começar aos 6 anos", afirma. Hoje, aos 19, ele faz parte da equipe que representa o clube em competições regionais e nacionais.
 
Jefferson conheceu a escola por uma reportagem na televisão. Foi a uma competição e se interessou pelo esporte. "Conversei com um treinador, ele me indicou o Clube Escola por ficar perto da minha casa em Ceilândia", conta.
 
Para quem já passou da idade limite para se candidatar a uma vaga, a escola também abre as portas. À noite, professores ensinam acrobacias para adultos, na maioria capoeiristas que querem iniciar no esporte. Dependendo do perfil atlético e da evolução, os alunos são convidados a treinar para competições internas. Se o resultado final da disputa for bom, o clube ganha um novo atleta.

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